A revolução do circo em cada um
- novetresfoco
- Sep 26, 2016
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O sol do início da tarde de sábado já anunciava que a magia circense continuava a circular pelas ruas de Mariana. A praça Gomes Freire, tomada por um colorido inconfundível, convidava o público a assistir mais um espetáculo. A apresentação não era nada convencional. Com instrumentos musicais, duas palhaças chamavam crianças e adultos através de músicas com ritmadas palmas. Na Roda de Palhaças, cada artista tinha um tempo para expressar o seu encanto. O público se amontoava cada vez mais para assistir a atração. O coreto do Jardim nunca esteve tão cheio de apaixonados pelo circo, e quem ficou por ali, tinha uma visão privilegiada - dava pra sentir a interação do público junto com a magia do picadeiro.
A palhaça Espiga de Milho Verde acredita bem nas pequenas revoluções. Sua apresentação foi marcada por um ‘’rap circense’’. Espiga entra em cena tirando as roupas apertadas. Segundo ela, não é possível viver com nada nos reprimindo. Assim que fica com uma vestimenta menos justa e mais colorida, a palhaça fala ao microfone: ‘’minha revolução será microfonada’’. As rimas expressavam o amor ao circo e não deixaram de tocar na conjuntura social, transformando reflexões deixadas no picadeiro em forma de arte.
Outra artista defendeu que a mulher tem o poder de alimentar o seu bebê quando desejar: ‘’nenhuma mãe, em nenhum lugar deste universo, deve ser constrangida ou impossibilitada de amamentar seu filho’’. Foi em forma de brincadeira que a palhaça disse esta frase, fincando com leveza um assunto tão importante. O circo também tem seu papel de conscientizador social. A mulher é livre para ser palhaça da forma que bem entender, fazer rimas, tocar acordeon, improvisar mágicas no meio do espetáculo e dançar balé do seu jeito desengonçado. A apresentação da Roda de Palhaças termina com todas cantando os versos de “Vaca Profana”, música de Gal Costa que traduz a força da mulher e o poder de seu ventre.
Os números apresentados seguiam de acordo com a essência de cada artista. Tinha apresentação de todo tipo, tal qual existem palhaças de mil e uma formas. Teve mágica desengonçada? Teve, sim sinhô. Bailarina nada clássica? Teve, sim sinhô. Brincadeiras e marmelada? Teve, sim sinhô. E as palhaças, o que são? Artistas que acreditam na revolução do circo nos pequenos mundos de cada um.
Roda de Palhaças (MG)
24 de setembro de 2016, Praça Gomes Freire, Mariana - MG
Texto: Luísa Campos
Foto: Débora Mendes
Revisão: Duda Carvalho
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