Sábado risonho

novetresfoco
Sep 25, 2016
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De manhã cedinho no sábado, uma concentração de palhaços se aglomerava no Jardim em Mariana. Parecia até que o dia amanheceu sorrindo junto, por sentir que não se tratava de um sábado qualquer. Enquanto a trupe Uniclown estava à espera de outros, uma roda de palhaçadas orquestrava melodias e divertia a produção do Circovolante que, falando particularmente de mim, procurava ainda um café para acordar de forma mais efetiva. Nesse momento os palhaços animados já saltitavam e pirulitavam pela praça, despertando os mais desavisados para a rotina da cidade.

Chegamos ao Lar Comunitário Santa Maria com um cortejo incomum. Não havia muitos sorrisos no ambiente e estávamos todos ali com uma missão muito clara de reverter essa situação, ao menos naquele sábado que já nasceu sorrindo. E aprendi com a arte circense que, apesar das brincadeiras e palhaçadas, certas missões são levadas à sério. Assim, sabendo também das responsabilidades para além da diversão, entramos pedindo licença.

Uma senhora fazia tricô sem esboçar muita empolgação para nós, até que uma das palhaças ficou na altura dos seus olhos. No vestido confeitado de cores, a artista improvisou em uma das cordas da cintura uma linha e também começou a tricotar. Gesto simples, nada demais para muitos de nós. Para eles, uma conexão emocionante. O bonito do palhaço é isso: sempre um improviso, algo inesperado. Uma surpresa grata.

Chegamos ao pátio onde os idosos partilhavam o banho de sol. Não sei ao certo se estavam cientes sobre o que aconteceria a seguir e na realidade, nem eu saberia o que estava por vir. Ah, eles precisavam um cadinho dessa sensação! Uma idosa entoou um canto de um santo, junto com uma palhaça que tocava Acordeon, outra fez um trenzinho com a trupe e seguiu rumo ao desconhecido. Teve até quem se arriscou na viola, mudou o tom. O cortejo se despediu com cuidado. Na saída, uma mão foi ao meu encontro: “que bom que vocês vieram! Fica com Deus.” . Sorri. Ela sorriu de volta. Sábado de sol sorridente.