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Alma de palhaça e voz de sambista

  • novetresfoco
  • Sep 25, 2016
  • 4 min read

Quando procurei por seu trabalho antes de entrevistá-la, fiquei tocada pela potência de sua voz. Ao visitar suas referências musicais, logo soube que Sílvia Gommes é uma artista completa. Nascida em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, a cantora e intérprete inicia nossa entrevista levando as mãos ao peito e falando sobre o quanto a sua alma de palhaça estava feliz por fazer parte do Circovolante - 8º Encontro Internacional de Palhaços. Com formação inicial voltada ao teatro e circo, a mineira se descobriu também cantora em 1998.


Confira na entrevista abaixo um pouco sobre a vida e carreira de Sílvia.


Você nasceu em Cachoeira do Campo, certo? Ainda mora por aqui?

Sim, sou de Cachoeira do Campo. Fiquei muitos anos fora e há dois anos voltei para lá. Minha roça e meu sossego. O mundo é grande, mas minha casa é na roça (risos).


Quando você se descobriu cantora? Como foi o click que te levou a investir na música?

A minha formação artística começou durante minha formação de atriz e palhaça. Esse é um dos motivos pelos quais estou tão feliz de participar desse evento, pois envolve muitas coisas. O lugar que o canto e meu trabalho de intérprete alcançaram foi em função de meu caminho percorrido como palhaça. O cantar foi uma consequência. Meu click veio em 1998, com a ajuda de um grande mestre, Rodrigo Robleño, que durante uma crise entre ser atriz, palhaça e cantora, me disse: “Querida, continue cantando, porque quando você canta a sua palhaça está em cena”. Hoje cantar é meu ofício.


Como é o processo de escolha de seu repertório?

Minha grande obsessão são as canções inéditas. Recebo composições de vários artistas do Brasil. Estudo bastante novos compositores, músicas fresquinhas. Mas o samba popularizou meu trabalho. Canto sambas consagrados e, também, novos.


Sendo mulher, cantora de samba, você sofre ou sofreu preconceito devido a seu gênero?

Não, não. Nunca sofri preconceito, sou bem aceita. Tem um lugar do samba que é machista, mas eu não me mantenho perto disso. São tantas meninas cantando samba desde sempre, por exemplo, Dona Ivone Lara, a primeira compositora de samba no Brasil. Ela compunha sambas para escola e seu irmão assinava, porque naquela época mulher não podia, né! Aliás, eu acho que o samba é até muito feminino! A maioria dos sambas falam sobre nós, mulheres, afinal uma boa dor de amor faz um ótimo samba (risos).


Sílvia, nos fale um pouco de seu trabalho gravado. Você possui disco? Existe algum projeto em andamento?

Eu tenho um disco que foi gravado em 2003 com o compositor mineiro Mestre Jonas. O disco se chama “Fusca Azul”. Meu primeiro disco de carreira solo está em fase de pré-produção. Já existe repertório e produtor. Será o carioca Rodrigo Braga, que é da minha geração e tem o pensamento aberto. O samba irá conduzir esse disco, mas outras vertentes musicais o costuram. Pretendo lançá-lo em 2017.


Voltando a sua veia circense, para você, qual a importância de um evento como o Circovolante para a região do inconfidentes?

Nossa, a importância é muito grande! Esses meninos chegaram aqui há muito tempo. Eu fiz um trabalho com eles, fiquei quatro anos com a companhia. Eu aprendi muito. Existem tantos festivais pelo mundo. Nós, de Ouro Preto e Mariana, temos sorte de ter Xisto e João residindo por aqui. Uma das maiores importâncias é a conexão que o Encontro gera entre artistas de fora com os daqui, distribuindo alegria, poesia e beleza por onde passa. É um evento que não dá para não existir mais, ele precisa acontecer para sempre.


Fale para gente uma artista ou um artista que você não consegue parar de ouvir?

Mayra Andrade! Ah, mas posso falar outros? Tem um monte de outros que não consigo parar de ouvir. Dani Black, eu quero ser amiga dele. Coloca isso na entrevista pra mim? O último disco do Chico César, Luísa Maita e Mariana Aydar. Sem falar no Mestre Jonas, que me acompanha sempre. Sua morte foi uma perda irreparável, mas ele deixou uma obra incrível. Enfim, são artistas que me tocam muito.


Eu queria que você falasse um pouco da sua banda. Quem são esses meninos incríveis que te acompanham?

Ah, verdade! A minha banda é incrível! Hoje o show traz dois percussionistas maravilhosos, Thiago Valentim e Gegê Mendes. Fernando Primo no Sete Cordas e, no trombone, Wesley Procópio. Eles são muito parceiros e queridos, são aqui da região, o que casou muito. Assim que voltei, a gente começou a se namorar para fazer música juntos (risos), eles são um presente que a vida me deu. Temos um projeto chamado “Esse samba todo é nosso” que começou em Maio deste ano, e uma vez por mês tocamos no Bar da Nida. Eles são muito generosos, tocam muito bem e isso me deixa muito grata, pois ando muito bem acompanhada!


Show com Sílvia Gommes e banda (MG) - "Esse samba é todo nosso"

23 de setembro de 2016 - Praça Gomes Freire, Mariana - MG

Texto: Priscila Santos

Foto: Hariane Alves e Tainara Torres

Revisão: Duda Carvalho

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